quarta-feira, 25 de maio de 2016
domingo, 8 de maio de 2016
A nova casa de Muriqui
A
nova casa de Muriqui
Ao
pé da Serra da Mantiqueira, lugar de muita floresta nativa, vivia uma família
de Muriquis. O filhote Muriqui sempre pulava de árvore em árvore e sempre
estava feliz.
- Uruu... Pular é minha alegria! –
dizia Muriqui ao segurar um cipó para se lançar em um galho.
Ele era muito esperto, não parava um
minuto. Só estava imóvel quando estava se alimentando, comendo os frutos da natureza.
Ele decidiu sair da Serra e descer em direção ao Vale. Ao chegar lá encontrou alguns
frutos e disse:
- Que frutos gostosos! Vou ficar por
aqui! Vou comer até explodir!
Mas Muriqui não contava com um fato.
Havia alguns fazendeiros morando por ali. Eles estavam preparando suas terras,
começaram a derrubar as árvores e roçar os matos. E de repente iniciou um
incêndio.
Os animais do local começaram a correr.
Apareceram preguiças, onças e muitas variedades de bichos fugindo do lugar. Também
estavam saindo da mata alguns pássaros e sapos pequeninos, que davam saltos num
desespero só.
-
O que está acontecendo? Por que esta correria? – perguntou Muriqui aos animais.
- Você não percebeu, estão destruindo
tudo! – disse a onça desesperada.
- Mas o que está destruindo? –
continuou o macaquinho.
- A floresta está em chamas, corra se
não você vai se queimar. – disse um tucano voando em disparada.
Muriqui, como era curioso, foi em
direção ao fogo. Quando percebeu o incêndio, já era tarde, a fumaça tomou o
lugar e ele ficou atordoado. Os fazendeiros viram o macaco, foram até ele e
aprisionaram numa gaiola. Eles estavam curiosos com o bicho. Eles
alimentaram-no, mas Muriqui estava mesmo com vontade de ir embora dali.
- O que estão fazendo comigo? - Estou
preso! - Quero sair! – gritava o macaquinho desesperado, mas ninguém entendia
sua língua.
O animal foi levado para a fazenda,
era a atração de todos. Vinham crianças e adultos curiosos. Sentiu saudades da
Serra e de seus pais. Sabia que estavam longe e preocupados. Seu coração bateu
forte de tristeza.
Muriqui estava fraco, não comia
corretamente e já estava agora se acostumando à vida de cativeiro. Mas de
repente ouviu uma agitação na fazenda. Percebeu gritarias dos animais. Era
noite. Viu uma coruja e perguntou:
- Ei, coruja! O Que está acontecendo?
- Tem algumas pessoas chegando e
libertando alguns animais. – respondeu a ave.
- Por que estou aqui? – indagou o
macaquinho.
- Você está num cativeiro. Existem
pessoas que aprisionam animais da floresta. – contou à coruja.
- Cativeiro? Como assim? – perguntou
já sem entender nada.
- Sim, existem pessoas que
aprisionam os animais e às vezes maltratam. – explicou à coruja.
- Nossa, que maldade! Na floresta eu
era tão livre e feliz. Aqui estou preso e infeliz. – suspirou o Muriqui.
Ele percebeu um barulho e viu uma
moça. Toda bondosa, ela recolheu o animal da gaiola com todo carinho. Era uma
ambientalista com a polícia florestal, que prendiam os criminosos, salvando
assim os bichos do cativeiro. Depois do susto e do sofrimento, Muriqui foi
levado para uma reserva ambiental.
- Nossa! Aqui estou sendo bem
cuidado! Estou com saudades da minha família. – pensou o macaco.
Depois de um tempo, ele foi solto na
reserva florestal. Muriqui estava já desacostumado com a vida na mata. Estava
com medo e receoso. Um veterinário da reserva incentivava sua reabilitação, mas
ele não saia de perto do local. Quando ele percebeu alguns macacos nas árvores.
Uma alegria tomou o coração de Muriqui. Ele foi aproximando devagar e criando
coragem para conhecer-los.
- Ola! Seja bem vindo! – disseram os
macacos.
- Olá... Que bom ver macacos como
eu! – respondeu todo feliz.
- Sim, de onde você é? – perguntou
um macaquinho.
- Sou dá Serra, mas fui aprisionado
numa fazenda, e agora estou aqui. – respondeu todo vergonhoso.
- Todos nós somos de lá. Temos a
mesma história. Venha, vamos comer alguns frutos nas altas árvores. – convidou
o animal.
Muriqui se reergueu, pulou no galho,
pegou um cipó. E acompanhou os novos amigos. E assim o macaquinho fez uma nova
família. Passou novamente a pular de galho em galho, de árvore em árvore.
Agora ele estava muito feliz de casa
nova, estava num lugar protegido e podia ser livre como na Serra onde morava.
Muriqui segurava um cipó e gritava:
- Uruu... Pular é minha alegria!
A festa dos Peixes
A festa dos Peixes
No Rio Paraíba do Sul existem muitas
famílias de peixes, há o grupo dos dourados, das tilápias, dos tucunarés. Temos
também as famílias antigas do rio que são os surubins, os piaus-palhaço e os
piavas-bicuda. Por fim temos as famílias de mandis, de lambaris, de traíras, de
piabanhas e de curimbatás. Muitos peixes vivendo no grande região do Vale do
Paraíba.
A família das piabanhas resolveu
fazer uma grande festa de casamento. A filha mais velha do rei iria se casar
perto do mês da desova. Ela precisava continuar a crescer a família. Seu pai, o
Rei das Piabanhas, peixe famoso por conseguir escapar dos predadores, estava
animado e queria que todas as famílias de peixes participassem da festa.
O Rei tinha um grande carinho por
suas filhas. Eram muitas, não podia nem contar nos dedos, era tão numerosa
quanto às pedras do rio. A mais velha era seu xodó. Tudo fazia em favor dela, às
vezes até causava ciúmes nas irmãs. O rei disse a filha:
- Minha peixinha, sua festa será um
requinte de mar!
- Obrigado meu pai. Não precisa
tanto! Estou honrada! – respondeu a princesa.
- Vou fazer uma festa inesquecível! Para
nenhum peixe botar defeito! – replicou o pai.
- Assim será! Meu rei das águas!!! –
se animou a peixinha.
A festa iniciou-se num final de
tarde. O lugar era fundo, no reino das piabanhas, escondidos entre as pedras,
para evitar predadores. Foram chegando os convidados, as famílias mais
próximas. Cada um trouxe pérolas de presentes e alguns peixes se ofereceram
para trabalhar no casamento, como a surubim que ia cantar na festa. Já o
piau-palhaço veio animar os convidados. Os peixes dourados e lambaris vão fazer
um show de coreografias. Tudo era um espetáculo.
O rio estava inebriado de peixes,
parecia um movimento de cardumes alvoroçado. O rei com sua princesa, os
convidados felizes, o rio estava mesmo para peixe!
Por causa de a notícia ter se
espalhado pela correnteza, alguns predadores souberam da festança. Dois pequenos
jacarés resolveram prestigiar, ou melhor, se deliciar com algumas refeições:
- Ei... Meu caro... Vamos comer a
moda cardápio? – indagou um jacaré.
- Onde? Tem algum restaurante neste
rio? – perguntou o companheiro.
- Não. Seu jacaré pé de chulé! –
responder indignado o bicho.
- O que está acontecendo? – já
curioso pergunta ao amigo jacaré.
- Você soube da festa no reino dos
peixes? Vai ter casamento? Logo... comidas! – disse o animal.
- Eita, adoro comidas de
casamento... São deliciosos... Tem cada docinho...! – respondeu o jacaré
lambendo os beiços.
- Não! Seu jacaré cabeça de jegue!
Vai ter várias famílias de peixes, podemos comê-los todos! – argumentou o
amigo.
- Ahhh... Agora sim, entendi... bora
já! Porque não me disse antes! – respondeu o jacaré todo empolgado.
E lá foram os dois jacarés mais
rápidos que a correnteza. Ao chegar às pedras, eles foram diminuindo a
velocidade e passaram-nas de mansinho. Avistaram a festa e aqueles milhões de
peixes fresquinhos. O companheiro jacaré não agüentou e gritou:
- Uuruuu... está na mesa!
Nisto os peixes perceberam os
invasores. E começou a correria e o desespero. O rei, bem sabido e por ser experiente
em fugir dos predadores, gritou para todos:
- Mexam-se no fundo do rio! Vai
levantar uma poeira e os jacarés não enxergaram nada! Depois se escondam!
Dito e feito. Não se enxergou mais
nada. Com os movimentos dos peixes a terra do fundo do rio se levantou. A água
ficou turva, e não se podia ver um palmo à frente. O jacaré ficou revoltado com
o companheiro e disse:
- Seu jacaré língua de cobra! Olha o
que você fez?
- Vixi! Me empolguei. Agora cadê os
peixes? – respondeu o pequeno jacaré.
Não se podia ver mais ninguém. Os
peixes se esconderam entre as margens do rio, outros entre as pedras. E os maiores fugiram mais rápido que uma
corrente de água. E os predadores foram embora sem conseguir pegar nem mesmo um
lambari. Todo nervoso o jacaré disse ao amigo:
- Dá próxima vez não se empolgue
antes da hora! Seu jacaré dente de sapo!
Por fim, quando a terra na
água se assentou, sem perigo dos jacarés, a festa retomou em polpa, e a
peixinha princesa das Piabanhas casou-se toda feliz no Rio Paraíba do Sul.
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