domingo, 8 de maio de 2016

A festa dos Peixes




A festa dos Peixes

No Rio Paraíba do Sul existem muitas famílias de peixes, há o grupo dos dourados, das tilápias, dos tucunarés. Temos também as famílias antigas do rio que são os surubins, os piaus-palhaço e os piavas-bicuda. Por fim temos as famílias de mandis, de lambaris, de traíras, de piabanhas e de curimbatás. Muitos peixes vivendo no grande região do Vale do Paraíba.
A família das piabanhas resolveu fazer uma grande festa de casamento. A filha mais velha do rei iria se casar perto do mês da desova. Ela precisava continuar a crescer a família. Seu pai, o Rei das Piabanhas, peixe famoso por conseguir escapar dos predadores, estava animado e queria que todas as famílias de peixes participassem da festa.
O Rei tinha um grande carinho por suas filhas. Eram muitas, não podia nem contar nos dedos, era tão numerosa quanto às pedras do rio. A mais velha era seu xodó. Tudo fazia em favor dela, às vezes até causava ciúmes nas irmãs. O rei disse a filha:
- Minha peixinha, sua festa será um requinte de mar!
- Obrigado meu pai. Não precisa tanto! Estou honrada! – respondeu a princesa.
- Vou fazer uma festa inesquecível! Para nenhum peixe botar defeito! – replicou o pai.
- Assim será! Meu rei das águas!!! – se animou a peixinha.
A festa iniciou-se num final de tarde. O lugar era fundo, no reino das piabanhas, escondidos entre as pedras, para evitar predadores. Foram chegando os convidados, as famílias mais próximas. Cada um trouxe pérolas de presentes e alguns peixes se ofereceram para trabalhar no casamento, como a surubim que ia cantar na festa. Já o piau-palhaço veio animar os convidados. Os peixes dourados e lambaris vão fazer um show de coreografias. Tudo era um espetáculo.
O rio estava inebriado de peixes, parecia um movimento de cardumes alvoroçado. O rei com sua princesa, os convidados felizes, o rio estava mesmo para peixe!
Por causa de a notícia ter se espalhado pela correnteza, alguns predadores souberam da festança. Dois pequenos jacarés resolveram prestigiar, ou melhor, se deliciar com algumas refeições:
- Ei... Meu caro... Vamos comer a moda cardápio? – indagou um jacaré.
- Onde? Tem algum restaurante neste rio? – perguntou o companheiro.
- Não. Seu jacaré pé de chulé! – responder indignado o bicho.
- O que está acontecendo? – já curioso pergunta ao amigo jacaré.
- Você soube da festa no reino dos peixes? Vai ter casamento? Logo... comidas! – disse o animal.
- Eita, adoro comidas de casamento... São deliciosos... Tem cada docinho...! – respondeu o jacaré lambendo os beiços.
- Não! Seu jacaré cabeça de jegue! Vai ter várias famílias de peixes, podemos comê-los todos! – argumentou o amigo.
- Ahhh... Agora sim, entendi... bora já! Porque não me disse antes! – respondeu o jacaré todo empolgado.
E lá foram os dois jacarés mais rápidos que a correnteza. Ao chegar às pedras, eles foram diminuindo a velocidade e passaram-nas de mansinho. Avistaram a festa e aqueles milhões de peixes fresquinhos. O companheiro jacaré não agüentou e gritou:
- Uuruuu... está na mesa!
Nisto os peixes perceberam os invasores. E começou a correria e o desespero. O rei, bem sabido e por ser experiente em fugir dos predadores, gritou para todos:
- Mexam-se no fundo do rio! Vai levantar uma poeira e os jacarés não enxergaram nada! Depois se escondam!
Dito e feito. Não se enxergou mais nada. Com os movimentos dos peixes a terra do fundo do rio se levantou. A água ficou turva, e não se podia ver um palmo à frente. O jacaré ficou revoltado com o companheiro e disse:
- Seu jacaré língua de cobra! Olha o que você fez?
- Vixi! Me empolguei. Agora cadê os peixes? – respondeu o pequeno jacaré.
Não se podia ver mais ninguém. Os peixes se esconderam entre as margens do rio, outros entre as pedras.  E os maiores fugiram mais rápido que uma corrente de água. E os predadores foram embora sem conseguir pegar nem mesmo um lambari. Todo nervoso o jacaré disse ao amigo:
- Dá próxima vez não se empolgue antes da hora! Seu jacaré dente de sapo!
Por fim, quando a terra na água se assentou, sem perigo dos jacarés, a festa retomou em polpa, e a peixinha princesa das Piabanhas casou-se toda feliz no Rio Paraíba do Sul.

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