domingo, 8 de maio de 2016

A nova casa de Muriqui



A nova casa de Muriqui



         Ao pé da Serra da Mantiqueira, lugar de muita floresta nativa, vivia uma família de Muriquis. O filhote Muriqui sempre pulava de árvore em árvore e sempre estava feliz.  
         - Uruu... Pular é minha alegria! – dizia Muriqui ao segurar um cipó para se lançar em um galho.
         Ele era muito esperto, não parava um minuto. Só estava imóvel quando estava se alimentando, comendo os frutos da natureza. Ele decidiu sair da Serra e descer em direção ao Vale. Ao chegar lá encontrou alguns frutos e disse:
         - Que frutos gostosos! Vou ficar por aqui! Vou comer até explodir!
         Mas Muriqui não contava com um fato. Havia alguns fazendeiros morando por ali. Eles estavam preparando suas terras, começaram a derrubar as árvores e roçar os matos. E de repente iniciou um incêndio.
 Os animais do local começaram a correr. Apareceram preguiças, onças e muitas variedades de bichos fugindo do lugar. Também estavam saindo da mata alguns pássaros e sapos pequeninos, que davam saltos num desespero só.
         - O que está acontecendo? Por que esta correria? – perguntou Muriqui aos animais.
         - Você não percebeu, estão destruindo tudo! – disse a onça desesperada.
         - Mas o que está destruindo? – continuou o macaquinho.
         - A floresta está em chamas, corra se não você vai se queimar. – disse um tucano voando em disparada.
         Muriqui, como era curioso, foi em direção ao fogo. Quando percebeu o incêndio, já era tarde, a fumaça tomou o lugar e ele ficou atordoado. Os fazendeiros viram o macaco, foram até ele e aprisionaram numa gaiola. Eles estavam curiosos com o bicho. Eles alimentaram-no, mas Muriqui estava mesmo com vontade de ir embora dali.
         - O que estão fazendo comigo? - Estou preso! - Quero sair! – gritava o macaquinho desesperado, mas ninguém entendia sua língua.
O animal foi levado para a fazenda, era a atração de todos. Vinham crianças e adultos curiosos. Sentiu saudades da Serra e de seus pais. Sabia que estavam longe e preocupados. Seu coração bateu forte de tristeza.
Muriqui estava fraco, não comia corretamente e já estava agora se acostumando à vida de cativeiro. Mas de repente ouviu uma agitação na fazenda. Percebeu gritarias dos animais. Era noite. Viu uma coruja e perguntou:
 - Ei, coruja! O Que está acontecendo?
- Tem algumas pessoas chegando e libertando alguns animais. – respondeu a ave.
- Por que estou aqui? – indagou o macaquinho.
- Você está num cativeiro. Existem pessoas que aprisionam animais da floresta. – contou à coruja.
- Cativeiro? Como assim? – perguntou já sem entender nada.
- Sim, existem pessoas que aprisionam os animais e às vezes maltratam. – explicou à coruja.
- Nossa, que maldade! Na floresta eu era tão livre e feliz. Aqui estou preso e infeliz. – suspirou o Muriqui.
Ele percebeu um barulho e viu uma moça. Toda bondosa, ela recolheu o animal da gaiola com todo carinho. Era uma ambientalista com a polícia florestal, que prendiam os criminosos, salvando assim os bichos do cativeiro. Depois do susto e do sofrimento, Muriqui foi levado para uma reserva ambiental.
- Nossa! Aqui estou sendo bem cuidado! Estou com saudades da minha família. – pensou o macaco.
Depois de um tempo, ele foi solto na reserva florestal. Muriqui estava já desacostumado com a vida na mata. Estava com medo e receoso. Um veterinário da reserva incentivava sua reabilitação, mas ele não saia de perto do local. Quando ele percebeu alguns macacos nas árvores. Uma alegria tomou o coração de Muriqui. Ele foi aproximando devagar e criando coragem para conhecer-los. 
- Ola! Seja bem vindo! – disseram os macacos.
- Olá... Que bom ver macacos como eu! – respondeu todo feliz.
- Sim, de onde você é? – perguntou um macaquinho.
- Sou dá Serra, mas fui aprisionado numa fazenda, e agora estou aqui. – respondeu todo vergonhoso.
- Todos nós somos de lá. Temos a mesma história. Venha, vamos comer alguns frutos nas altas árvores. – convidou o animal.
Muriqui se reergueu, pulou no galho, pegou um cipó. E acompanhou os novos amigos. E assim o macaquinho fez uma nova família. Passou novamente a pular de galho em galho, de árvore em árvore.
Agora ele estava muito feliz de casa nova, estava num lugar protegido e podia ser livre como na Serra onde morava. Muriqui segurava um cipó e gritava:
- Uruu... Pular é minha alegria!

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