domingo, 28 de fevereiro de 2016

#poesias animais



Tião fareja, fareja, não encontra nada,
Que nada, ele encontra o que fareja.
Um cheirinho aqui, outro cheirinho ali,
E descobre tudo, tudo ele descobre enquanto fareja!




Tamanduááááá,
Comprido é seu rabo, com pelos largos até lááááá,
Boca tão pequena, que sente dificuldade de se alimentaaa...
Mas decidi, que vou dar comida até ele enjoaaaaaa....



Cadê a baratinha inha inha inha...
Subiu pela parede e vooo ooo ooo...
Vai procurar a baratinha? Procura procura procura...
Em cima e embaixo, do lado e do outro! Em cima e embaixo, do lado e do outro!
Eai, cadê a tal baratinha?
Fugiu pela janela e vooo!!! Fugiu pela Janela e vooo!!!
 

#poesias



Que preguiça... nada para fazer,
Só vou observar os outros, a fazerem.
Que difícil perceber os outros afazeres.
Com tanta preguiça assim, o que me resta escolher? Nada para fazer!

Marcelo Fernandes

#poesias



Olha lá os aventureiros, são boiadeiros do mato dentro,
E dentro deste mato eu acho os aventureiros.
Que doidos, eles são os boiadeiros dentro do mato?
Ahh, lá estão os aventureiros perdidos dentro do mato como os boiadeiros...

Marcelo Fernandes 

conto - O milionário



O milionário
Numa região muito distante, morava o senhor Casemiro. Homem honesto e trabalhador. Gostava de chegar do seu trabalho e encontrar com a família. À noite, ele sempre ficava horas proseando com sua esposa, a senhora Margarida, sobre o futuro e que gostaria de dar o melhor para suas filhas. O casal tinha duas, a Luimila e a Luimara, meninas inteligentes e amava fazer desenhos de anjos, tinham sete e cinco anos respectivamente.
Naquela cidade havia uma estação de trem, que passava uma locomotiva vigorosa, trazendo sempre aos finais de semanas passageiros para conhecer aquele lugarejo. Já era costume algumas mulheres recolherem seus artesanatos e levarem para a estação. Faziam do local um comércio e sustento a muitas famílias. – Eita... Lugar turístico, de belezas naturais e pessoas hospedeiras.
Algo mudou o movimento do lugar. A locomotiva já apitava de longe, dava o sinal que estava chegando. Era por volta das 9h da manhã, quando ela parou na estação da cidade acolhedora. Fumaça por todo lado, pessoas se movimentando e descendo, mulheres já com suas barracas mostrando seus trabalhos, e aquele cheiro gostoso dos salgados intimidavam os turistas a gastarem seus trocados. Desceu um grupo de mulheres, pareciam aeromoças, com pastas, cartazes e malas. Como matuto era o povo da região, logo a curiosidade tomou conta dos olhares e comentavam quem seria aquelas mulheres com uniformes azuis e com tanta mala aos seus cuidados.
Depois de se acomodarem no único hotel da cidade, - as mulheres azuis, como já as apelidaram – montaram um stand na estação com os dizeres: “Venha fazer parte deste Sonho, trabalhe com a gente, você vai se tornar milionário!”. Com este convite, quem não queria sair naquela mesmice, naquele estalo sem futuro, - ouve o trem, vende, come e dorme por ano afil? E lá estava à notícia espalhada por todo região. Uma fila enorme de homens sonhadores se formou, queriam dar o melhor para suas famílias, tinham também jovens sonhando com o seu futuro e algumas mulheres buscando a independência para sempre.
Logo que soube da notícia, o senhor Casemiro correu na fila, fez seu cadastro e saiu sorrindo todo feliz por daria um novo sonho para suas filhas. Mas tudo isso tinha uma condição trágica. Tinha que ir morar na cidade grande, ofereciam a casa, mas o resto tudo eles tinham que bancar. Naquela noite Casemiro juntou a família e disse que iria para tal cidade, que depois mudaria de vez suas vidas. A senhora Margarida, toda desconfiada, pediu para o esposo pensar bem, pesar as coisas. Mas o marido já tinha definido, e como turrão que era não mudou sua opinião.
Na semana seguinte, o trem das nove horas chegou com os turistas, como todo sábado. Mas já teve que voltar, voltar levando aquele povo sonhador, com as moças azuis, já alegres, pois sabiam que ganhariam um dim-dim a mais de comissão. Tudo era novo para o povo do longínquo lugarejo. Era trabalhar numa fábrica de algodão. Fazer a produção de tapetes, cobertores e algumas roupas de camas.  O regime era escravo. De nada tinha para se tornar milionário! Todos trabalhavam dezesseis horas por dia. - E agora? O sonho acabou? Pensava nosso senhor Casemiro. Estava exausto, era uma repetição sem parar, dos mesmos movimentos, dos mesmos conhecimentos, já davam cãibras nervosas, por fazer a mesma coisa todos os dias e meses afil. O dinheiro? A este só dava para juntar para comer algo de final de semana, porque a fábrica pagava pouco, mal dava para pagar a passagem do trem de volta para sua verdadeira casa. Casemiro pensava: - E minha promessa, e meu futuro, o que vou dizer para minha Margarida?
Aquele senhor que é um bom trabalhador, decidiu fazer algumas horas extras, para juntar mais um pouco, quem sabe voltar ao seu lugarejo. Mas seu supervisor, homem rude e bravo, só sabia explorar seus súbitos. E com Casemiro na sua mão, desanimava-o não pagando o que devia, não mais o deixando tirar folga, e sempre ameaçando seu pobre trabalhador. Tudo ficava difícil para ele. Mas teve uma idéia. Fingiu que estava doente um dia, e com suas economias foi lá para seio de sua família. Ao encontrar Margarida, muitos abraços e beijos, felicidade sem tamanho ao encontrar Luimila e Luimara. Contou-lhes tudo. Choram e colocaram as prosas em dia. Palavra aqui, dizeres ali. Já tinham que voltar no próximo trem. Neste instante, sua filha mais nova disse ao pai: “Papai, hoje sonhei com um anjo. Ele tinha vestes brancas e um lindo cavalo com asas. Ele desceu do céu e disse que cuidaria de você”. O pai não conteve as lágrimas, e com estas palavras de criança, se motivou a lutar ainda mais e fazer tudo diferente.
Chegando à fábrica no dia seguinte, seu supervisor furioso com sua falta, o demitiu sem explicação. Disse que mandaria por justa causa, por que um funcionário dele não podia faltar um dia. Ele era ruim, todos sabiam, mas ninguém fazia o parar com suas maldades. E assim, Casemiro sem casa para morar, sem economias para voltar para sua terra, fora morar nas esquinas da cidade grande. Tristeza, fome, frio, tudo ele viveu neste período. A única coisa que o motivava era as palavras de sua menina – um anjo ia cuidar dele. Certo dia, pedindo comida pelas ruas, encontrou um ateliê. Teve a curiosidade de conhecer, pois tinha um desenho de um anjo na porta. Ele entrou e observou todos os quadros expostos na parede.
No final do corredor tinha uma senhora já de idade avançada, pintava alguns quadros. Ela olhando o senhor curioso e perguntou:
- Gostou de algum quadro?
– Estou olhando, é muito bonito. – respondeu Casemiro admirado.
– Você sabe pintar? – continuou a prosa com o senhor.
Todo vergonhoso sem hesitar disse: - Eu? Que nada. Sou mero trabalhador sem emprego, só sei fabricar e não pintar.
Com simplicidade ela o desafiou: - Por que não tenta? Não custa nada. Vai ali, tem uma tela e alguns pincéis. Faça seu rabisco!
E lá foi Casemiro dar uma de artista, pensou e pensou, o que fazer naquela tela branca, e várias cores em sua mão. E neste momento a senhora abriu e despertou seu talento:
- Porque você não tenta colocar seus sentimentos? Pense no que esta sentindo agora. E joga na tela.
E com esta maravilhosa dica, lá foi aquele senhor, a pintar e a pintar, a soltar como numa terapia de grupo seus sentimentos e sofrimentos escondidos, e uma alegria tomou conta de si, que não sentia há anos.
A empresa têxtil na cidade era uma obra da família Casagrande, um grupo de italianos que chegaram à região refugiados das dificuldades de seu país de origem. Mas com o tempo se tornara grande e exportadora para todos os países. A chefa da família era a senhora Casagrande, uma idosa que adorava artes. Em sua casa tinha grandes quadros de artistas famosos do mundo todo. Ela pagava milhões por uma obra que a gostasse. Ela soube que tinha um ateliê na cidade, e foi com sua filha mais velha para dar uma olhada.  Quando chegou ao local, adentrou devagar devido sua idade, e foi logo admirando as obras. Viu um senhor pintando um quadro, e desejou ver aquele homem pintando com tanta empolgação. Ao ver sua obra exclamou:
- Dio mio! Que bela!!!
Era Casemiro colocando seus sentimentos em cores, e assim causou admiração naquela velha cheia de desejos! Naquele instante ela propôs:
- Quanto você dá por este quadro? O senhor sem palavras, nem dizeres não soube ao menos dar um valor. Mas contou sua história, para aquela senhora, que ao pintar a tela colocara todo seu coração. Isto só aumentou o valor da obra, e a senhora Casagrande decidiu:
- Te pago 100 mil moedas de ouro pelo quadro, e quero você amanhã na fábrica no meu escritório.
Todo contente, Casemiro agradeceu a generosidade da italiana. Suas lágrimas revelaram o homem honesto que era. E então percebeu que aquela senhora, dona do Ateliê, fora o anjo que sua filha sonhou. Todo o dinheiro que recebeu deu para trazer sua família à cidade grande, e ainda ajudou a realizar os sonhos das duas filhas.
A italiana ofereceu seu cargo de volta e demitiu o supervisor malvado. Mas agora, Casemiro não aceitou o emprego, decidiu sonhar e ganhar seu sustento com as cores na tela. Façanha que o deixou Milionário, como no anúncio das moças azuis: “...você vai se tornar milionário!”

Marcelo Fernandes dos Santos     Fevereiro/2016