segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Conto - A natureza é divina



A natureza é divina.

Era manhã ensolarada naquele paraíso. O ar estava fresco, após uma longa noite de perda de calor. A primavera já havia chegado. O sol estava esquentando aquele horizonte que ia nascendo. Uma luz forte dava a natureza um tom de despertar. – Que lindo dia! Nunca vi tal beleza em meus olhos! Neste mesmo momento, caminhavam dois anjos em tons de conversa profunda, como se estivessem vivido uma experiência nova, e contava um ao outro sua grande descoberta. O curioso é que os anjos eram tão perfeitos que estavam dando a aquela bela paisagem um tom celestial. Suas vozes iam entrando nos ouvidos como uma suave pronuncia da voz de um Deus. Tudo era muito perfeito. Prostrado com tal afeição para aquele assunto, um dos anjos contou em tom firme: - que história eu conheci ontem! O outro disse com um olhar curioso: - o que viste?
         O tempo estava quase escuro, quando vi uma ave com seu instinto materno, protegendo seu lindo ovo. Era exuberante, grande, e tinha uma cor esbranquiçada. A ave tinha uma pena vermelha, e conforme ia descendo em seu corpo, a cor tornava-se alaranjada. Tinha um bico forte como um gancho que quebrava tudo que fosse duro. Naquele local tinha muitas árvores, de todos os tipos. Grandes, pequenas, verdes escuras, verdes claros. Folhas compridas e pequenas faziam cabanas para os animais pequenos, e algumas árvores eram grandes, como que formando paredes enormes na frente de quem passava. Havia também pastos, mas eram poucos. O que tinha mesmo eram variedades de plantas e diversos animais pequenos formando um ciclo ecológico, um habitat natural de um mundo animal. Dizem que é o ciclo da vida. Mas o interessante é que naquele momento que a aquela ave protegia seu ninho em volta de si, com suspiros fortes apareceu um animal estranho. Tinha grandes dentes, uma força concentrada em ritmo de tensão, e dava passos pequenos e calmos, mas sempre com um objetivo. Seu olhar era de um observador feroz. Dava voltas e voltas em torno daquele ninho. O instinto animal de proteção aguçou sua postura, fez uma envergadura de quem era uma grande ave da floresta e deu um grito, de modo que expressava: - estou pronto para guerra! Um instinto materno de que dar a vida por sua cria era definitivamente sua missão. O barulho se fez naquele instante. Estremeceu tudo, fumaça se fez. Após aquele momento tumultuoso que levou horas, a ave com suas forças já abatidas, e percebendo que estava longe de sua cria voltou apavorada para seu ninho. Com um tom de paralisação, a ave não viu mais sua cria. Tal desespero levou a ir de um lado para outro em várias direções. Pulos e gritos não foram suficientes para encontrar seu ovo. O ar ficou gélido para aquele ciclo.
- O que aconteceu? E você não fez nada para mudar tal situação? Disse o outro anjo sem menos entender o tom daquela experiência.
Um ser humano em sua ambição aproveitou o momento fúnebre, e pegou o ovo bem discretamente e levou consigo. Como um caçador maldoso. Destruindo aquele ciclo natural dos animais. Aquele ser disse em voz baixa para sua consciência: - tenho tudo que queria. Consegui possuir meus desejos. Fiz o que era melhor para mim. Venci. Agora vou levar meu dever para minha casa. Farei do ovo minha relíquia, meu museu, minha história. Serei grande e viverei como rei, porque consegui o ovo mais procurado e extinto do mundo. Mas enquanto ele a contemplar a sua conquista, num bote forte, ágil e com a segurança do objetivo, um animal faminto que ora observava a ave, devorou aquele ser humano frágil em segundos. A ave materna vendo tal acontecimento perto de si, num pulso veloz pegou seu ovo e levou-o em um local seguro. Ao perceber que não havia mais nada a fazer, pois tudo havia se tranqüilizado suspirou em tom de vencedora. A mãe natureza fez tudo a seu favor.
Naquele exato segundo um suspiro veio a mim. Senti um cala frio ao escutar aquela história. Os dois anjos começaram a sumir no horizonte. O que era belo se tornou em um instante escuro e tenebroso. O medo apoderou-se nas entranhas, e senti que a pele se desfazia, sumia. Não me reconheci mais. Alma se desfez. Não vi mais nada a partir daquele dia. Só ficou uma única coisa, uma frase: - Nunca deveria ter mexido na natureza! Ela é divina!

Marcelo Fernandes dos Santos/ 17 de outubro 2006

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