A Seca
Um brilho resplandecente tocou os
olhos. Era verão. – que calor! Estava cheio de gotas escorridas no corpo na
direção do chão, lavando a alma daquele que sentia a angústia de ser dominado
pela consciência. Em dado momento é chegada à hora de dizer para si mesmo: o
que vai acontecer? Dominação, velocidade, crescimento e aperto. Tudo num
reflexo de segundo. Tudo não compreendido por ninguém, a não ser pelo
ocultismo.
As duras superfícies exalam um cheio
sofrido. Um clamor de vingança, de dor e de revolta. Face-se a noite. Tudo
esfria como no inverno, nada mais pode segurar o desaparecimento do amor. Nada
pode alegrar tal situação se não for à esperança do futuro. De acontecer à
volta ao paraíso verde. De não descobrir ao certo, quem do seu próprio seio
nasceu. As faces daquele lugar se aquecem fenomenalmente todos os dias. Uma
luta por moléculas d’águas. Chão que já abrigou seres vivos harmoniosos. Que
agora só abrigam resistentes lutadores de uma guerra sem fim. A família das
espécies só foge daquele singelo local sem dono, sem ao menos estrumes para
fertilizar seu chão. Vestígios da morte. Vestígios do egoísmo insaciável.
Veredas sem faces e imagens. O pó se espalha num ambiente rude, formando
figuras de nuvens sem começo, nem meio, e muito menos, de chegar a um fim.
Viajantes sem rumo deixam seu clamor nas marcas dos passos. Um pedido de
socorro. Quero viver de novo! Quero ter direito de moço! Quero construir meu
povo!
A angústia de não conseguir nada toma
suas providencias: o barulho estranho. O som vem de uma voz que quer algo. A
força vital produz seu movimento brusco, como massa em crescimento em direção
de si mesmo. Após tal gemido, tal clamor, a força retoma suas últimas posições.
O brilho reflete algo que está por vir. Novamente seus olhos contemplam sua
própria reflexão na forma circular. Sem ter membros para tocar aquela
superfície, a natureza não consegue tocar seu objetivo, e nem construir seu
próprio sustento. O esquecimento da bela Terra aparece: a pobreza, a seca, o
agreste. Tudo desaparece na indiferença.
O som do vento ainda pronuncia algo
que está para chegar. A velha entrada daquela casa contempla um fato. Uma ação
infantil, bela e sutil, que em meio à frieza e o deserto deram aquele lugar o
seu sustento eterno. O nascimento de um pedaço do paraíso. Nunca se soube de
onde veio àquele viajante pequeno e sem rosto, que plantou a bondade. Mas é
sabido até hoje que aquele lugar nunca mais foi o mesmo. O alimento e a fartura
são os únicos sinais deixados daquela maravilhosa revelação de sua face.
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