quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

conto - Túnel, o grande toureiro



Túnel, o Grande Toureiro

                Em uma pequena cidade distante, bem perto das montanhas. Existia um menino, cujo seu apelido era Túnel. Ele era muito conhecido no lugarejo. Gostava de estar perto de todo mundo. Ele era uma pessoa muito generosa, e se sentia útil ajudando a todos. Seu pai, um fazendeiro graúdo, era conhecido pelo seu temperamento forte e firme. Todos o respeitavam, era quase um coronel. A cidade era muito distante das áreas urbanizadas, então os moradores sabiam da vida de cada um, desde avós até netos, todas as histórias das famílias da região, assim também conheciam a história do menino.

                Logo que nasceu, Túnel foi diagnosticado com uma doença na perna que precisava de tratamento. O médico disse à mãe que precisava usar botas de correção e fazer uma terapia para melhorar sua perna. Seu pai, homem duro e orgulhoso, não deixou fazer o tratamento, dizia: - Como um filho de fazendeiro vai usar uma bota corretiva!? De forma alguma! Meu filho não precisa de tratamento! Assim o menino crescia com suas pernas tortas, e sua mãe muito triste por não conseguir melhorar sua situação, tentou simpatias, orações e pessoas curandeiras. E nada resolvia seu problema.

                Anos se passaram, e aquele pobre garoto, simples, com olhar desconfiado, se tornou jovem e procurava sempre construir seu futuro. O pai acreditava nas histórias do avô. Ele dizia que existiu um grande jogador de futebol, o Garrincha, e suas pernas eram tortas. Mas pobre do Túnel. Não gostava de futebol, só se dava mal. Seus amigos caçoavam dele. Diziam que era fácil driblar o menino, devido ao seu grande espaço entre as pernas. Ele tentou de tudo, várias modalidades de esporte, mas nada dava certo. Deste modo, passou a ajudar o Pai na fazenda. Cuidava dos bois e das vacas no pasto. Ganhou um cavalo do Pai, mas não gostava de montar-lo. Ele acreditava que suas pernas iria se alargar ainda mais.

                Na escola, o rapaz gostava de ler e estava sempre a disposição para ajudar os amigos no estudo. Mas sofria muito com as brincadeiras e sarros dos colegas de classe. Por causa de suas pernas largas, eles deram-no o apelido de Túnel. Havia uma montanha perto da cidade, contendo um largo túnel, por onde passava uma velha locomotiva. Como o buraco na montanha era grande e alto, os garotos comparavam com as pernas do filho do fazendeiro.  Isto o deixava todo envergonhado. Seu Pai não sabia de nada, pois iria se tornar um leão para cima dos garotos da escola. Não queria brigas, mas torcia para que esta situação um dia mudasse.

                Numa bela tarde ensolarada. Túnel estava caminhando pela estrada de terra, perto de sua fazenda. Os maus colegas vinham de encontro com ele por outra estrada. No momento do cruzamento com o jovem, começaram a caçoar dele, tirando sarros e fazendo-o passar mais vergonha. Diziam-no: - Olha o Trêm!!! Piuiiii...  – Olha o Pernalonga! Enquanto eles estavam entretidos com o teatro. Uma cerca ali perto se rompeu. Ouviram-se um grande barulho. Viram um grande animal na estrada. Disseram: - É um boi! Correm!! – Não, é um touro! Estamos perdidos! Lá vinha o animal cada vez mais veloz em direção aos garotos. Neste instante, Túnel, com sua agilidade, deu um salto e pulou em direção ao animal. Com suas pernas largas montou em cima do touro e com suas mãos segurou no chifre, domando-o. Fez o animal voltar para dentro do cercado e salvou-os da desgraça! Ele estava acostumado a cuidar dos bois da fazenda, e sabia como domá-los muito bem.

                Todos atônicos, quase sem palavras. Brancos como as nuvens do céu. Agradeceram ao jovem corajoso pela façanha. Após este fato, a vida dele mudou. Sua fama se espalhou pela cidade rapidamente. Seu pai ficou muito orgulhoso e o encheu de elogios. Ele agora passou a ser reconhecido e respeitado. Seu apelido mudou de Túnel para Toureiro. João era seu nome, mas não importava mais. Agora todos o reconheciam por Toureiro, o Grande Toureiro da cidade distante!

Marcelo Fernandes dos Santos   fevereiro/2016

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