segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Conto - Um conto de fado



Um conto de fado...

Um vento gelado veio da janela. Veio trazendo um tipo de sensação divina. O sopro trouxe alguém que entrou no ambiente.
- Quem está ai? Nasceu a pergunta cheia de medo que o ser estranho escutasse.
- Será um sonho? Acho que não? Está frio.... frio na barriga...
Tudo estava estranho. Mas de repente algo não desejado surgiu... uma voz doce e encantadora, mas que nesta situação foi um sentimento que não se podia explicar. As pernas ficaram moles... mas com voz tremula saiu algumas palavras:
- Oi, o que você quer?
- Não tenha medo, não tenha medo de seu próprio sonho!
- Não tenho, mas a sensação é estranha, se é real ou não?
- Sim é real, enquanto acontece! É eterno enquanto dura.
Naquele instante tudo começava ficar mais calmo, e aquela sensação difícil de ser explicada, passou a ser mais clara e já dava mais segurança naquele momento oportuno. Era verão, mas o ambiente parecia um começo de inverno. Logo vieram os primeiros raios de sol. O dia já nascera. Algo diferente dominava e fazia diferença no coração. A sensação já não estava à mesma, mas tudo se tornara belo.
Menino de vida simples, tudo que tinha era seu pequeno desejo em construir um novo futuro. Uma pessoa o apareceu e disse que daria tudo que precisava... seu sonho e futuro... foi dado uma oportunidade. Um anjo deu o certificado que era verdadeiro. O menino foi em direção à promessa e conquistou algo extraordinário em sua vida. Da noite para dia, uma simples decisão trouxe um novo jeito de viver. O que era simples passou a ser complexo, novas experiências o deixou sem palavras.
- Eu ponho todo meu coração. Toda a minha vida.
Aquela vida simples, pacata passa a ser cheia de conhecimentos, experiências, viagens, trabalhos com gente poderosa, cursos, empreendimentos, e sua postura passa a ser de outra pessoa. Tudo estava crescendo e dando certo. Mas a promessa tinha um preço. E este valor sem perceber estava ficando inafiançável.
Tudo parecia uma grande festa, um salão com gentes importantes da sociedade. Mas aquele menino recebeu roupas e presentes para ir a esta festa. Logo na festa percebeu que aquele não era seu lugar. Existia preconceitos entre as pessoas, não existia amor entre eles... Tudo era desejo por dinheiro e negócios. Desejos de coisas materiais. E aquele menino que amava a sabedoria, as coisas simples da vida, deparou com seu sonho diferenciado. As pessoas eram mais importantes para ele. Estar com as pessoas, a amizade, o carinho era mais importante, era seu tesouro. O preço da promessa começou a pesar, e ele percebeu algo estranho estava acontecendo consigo. Suas roupas e sua imagem estavam tornando-se difusas. Não era mais a mesma pessoa. Ele percebeu que foi traído pela promessa... o preço dela era se tornar como aquelas pessoas, igual as aparências, com os mesmos moldes. Mas ele resistiu e estava de outro modo, estava diferente. Aí ele percebeu que seu sonho não cabia naquele lugar.
- O que está acontecendo comigo? O que estão fazendo comigo?

Naquele instante, ele percebeu que foi traído por aquela jovem voz que ouvira doce e singela. Agora era falsa, e sua imagem não agradava a pessoa. Só queria tirar sua energia positiva, tirar sua alegria, tirar sua vida e depois utiliza-la como crescimento de si própria. Depois deste fato seu coração sentiu uma contração, duas contrações e percebeu que estava parando, e morrendo.
- O fim chegou! Fui traído, isto não é real. É um sonho!
Naquele instante o frio tomou posse de novo do seu corpo. A cortina da janela passava sobre seu rosto que suava frio. Levantou-se e lavou o rosto. E naquele estante ele percebeu algo diferente em seu rosto:
- Não é possível....? minhas mãos?!
Tudo havia mudado, e percebeu que tinha se passado alguns anos, e alguns meses. Isto foi real ou não? Não viu mais aquela moça no seu quarto, nem muito menos o sopro em seu rosto, tudo estava vazio. Naquele momento a única conclusão era sua dúvida.
- A vida é real, ou apenas um sonho?
Isto ele nunca pode provar, mas só sabia que estava mais velho e que poderia voltar a dormir de novo, porque o sol não havia nascido ainda!
 

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