A festa das Maritacas
Há muito tempo atrás, na grande
floresta do Vale do Paraíba, houve a fabulosa festa das Maritacas. Conhecida
por ser o evento mais requintado e o mais animado da região. A preparação é de nenhum estilista botar
defeito. Montada nas mais belas artes das aves.
Logo que a data foi confirmada com o
bando das aves, as Maritacas já espalharam por todo estado a notícia da festa.
Era ouvida nas mais altas árvores, nos troncos retorcidos, e nos galhos das
altas montanhas. A notícia chegaria as Maritacas da cidade e as aves do sertão,
e por fim as aves da Mantiqueira.
A festa tinha uma premiação muito
desejada por todos. O melhor casal Maritaca da floresta. As pequeninas de penas
verdes e tons amarelados se enfeitavam para serem muito bem notadas. Ora
vestidos pomposos de ouro de ofir, outras de tecidos ondulados decorados com
diamantes. Era uma exuberância só. Os mais experientes juízes da moda florestal
vinham dar suas notas ao evento.
Como toda festa Maritaca, não
faltara às tagarelas dos baixos níveis. Elas
só andavam em grupos, mas sabiam muito bem criticar:
- Olha aquela verde limão! Que
horror! – reclamava uma tagarela.
- Olha aquela amarela sem cor! Um
absurdo! – dizia a outra.
Não faltou justificativa para
tagarelar no tom de mal amadas. E lá voavam as tagarelas de um lado para outro.
Sempre procurando o melhor ângulo para anunciar talvez a pior de todas. Mas nem
tudo está perdido. Havia as aves generosas:
- Que belas aves! Esta sim
representa as Maritacas! – dizia as generosas.
- Que produção maravilhosa! Isto sim
é pena de ave! – elogiava a outra.
E a festa deu seu andamento. Estavam
todas as concorrentes em seus postos e desfilando com seus novos arranjos de
penas e plumas.
É
um Cra pra lá. Crá pra cá. Crá para todo lado.
Voava um bando para um lado e para
outro. De repente, não tinha mais espaço na grande árvore. Cada galho era
disputadíssimo para se exibir.
Só
se ouvia crá pra cá. Crá pra lá. Só dava Cráaa Cráaa cráaa.
As Maritacas também são conhecidas
por serem românticas. Um biquinho aqui, um carinho na pena ali, sempre muito
apaixonado com o parceiro. É tanto amor
que deixa qualquer Maritaca cheia de paixão!
Cra
amorzinho, Cra queridinha, Cra avezinha...
Neste instante, surge a confusão. É
tanta tagarelas a craquiar que não faltou baixarias. A TV maritaca filmou tudo
ao vivo. As tagarelas desafiavam as generosas. E vice-versa.
- Venham aqui agora suas penas
falsificadas! – gritavam as avezinhas.
- Vêm aqui vocês! Suas tagarelas! – esbravejavam
as outras.
Houve muitas discórdias, cada uma
defendia suas candidatas. A agitação das aves entortava os galhos e balançava
as árvores. Voavam centenas de Maritacas
e parecia uma invasão ao cruzarem o céu. Sempre barulhentas. Não se podiam
entender nada de nada.
Enfim, quando os ânimos foram
acalmados, os juízes deram a decisão. Premiou o melhor casal Maritaca da festa.
Ouve um alvoroço total. E lá foi o bando voar em volta da grande árvore, cruzar
o céu em giros rasantes. Elas gritavam:
- Crá. Crá crá crá... Viva o Casal
de Pena Fina!!!
Como toda festa requinta tem
abundância de frutos. O melhor Buffet da floresta liberou os petiscos: mamão,
amoras, sementes, etc. A festa varou a noite toda naquela pomposa mata do Vale
do Paraíba. E o casal vencedor, o mais romântico do ano, lançou a moda
estilista floresta Maritaca:
Pena Fina models!!! Você na moda florestal!
Marcelo
Fernandes Contos do Vale do Paraíba
Literatura
infantil – abril 2016
marcelofsdb@yahoo.com.br
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