domingo, 24 de abril de 2016

A festa das Maritacas



A festa das Maritacas
Há muito tempo atrás, na grande floresta do Vale do Paraíba, houve a fabulosa festa das Maritacas. Conhecida por ser o evento mais requintado e o mais animado da região.  A preparação é de nenhum estilista botar defeito. Montada nas mais belas artes das aves.
Logo que a data foi confirmada com o bando das aves, as Maritacas já espalharam por todo estado a notícia da festa. Era ouvida nas mais altas árvores, nos troncos retorcidos, e nos galhos das altas montanhas. A notícia chegaria as Maritacas da cidade e as aves do sertão, e por fim as aves da Mantiqueira.
A festa tinha uma premiação muito desejada por todos. O melhor casal Maritaca da floresta. As pequeninas de penas verdes e tons amarelados se enfeitavam para serem muito bem notadas. Ora vestidos pomposos de ouro de ofir, outras de tecidos ondulados decorados com diamantes. Era uma exuberância só. Os mais experientes juízes da moda florestal vinham dar suas notas ao evento.
Como toda festa Maritaca, não faltara às tagarelas dos baixos níveis.  Elas só andavam em grupos, mas sabiam muito bem criticar:
- Olha aquela verde limão! Que horror! – reclamava uma tagarela.
- Olha aquela amarela sem cor! Um absurdo! – dizia a outra.
Não faltou justificativa para tagarelar no tom de mal amadas. E lá voavam as tagarelas de um lado para outro. Sempre procurando o melhor ângulo para anunciar talvez a pior de todas. Mas nem tudo está perdido. Havia as aves generosas:
- Que belas aves! Esta sim representa as Maritacas! – dizia as generosas.
- Que produção maravilhosa! Isto sim é pena de ave! – elogiava a outra.
E a festa deu seu andamento. Estavam todas as concorrentes em seus postos e desfilando com seus novos arranjos de penas e plumas.
É um Cra pra lá. Crá pra cá. Crá para todo lado.
Voava um bando para um lado e para outro. De repente, não tinha mais espaço na grande árvore. Cada galho era disputadíssimo para se exibir.
Só se ouvia crá pra cá. Crá pra lá. Só dava Cráaa Cráaa cráaa.
As Maritacas também são conhecidas por serem românticas. Um biquinho aqui, um carinho na pena ali, sempre muito apaixonado com o parceiro.  É tanto amor que deixa qualquer Maritaca cheia de paixão!
Cra amorzinho, Cra queridinha, Cra avezinha...
Neste instante, surge a confusão. É tanta tagarelas a craquiar que não faltou baixarias. A TV maritaca filmou tudo ao vivo. As tagarelas desafiavam as generosas. E vice-versa.
- Venham aqui agora suas penas falsificadas! – gritavam as avezinhas.
- Vêm aqui vocês! Suas tagarelas! – esbravejavam as outras.
Houve muitas discórdias, cada uma defendia suas candidatas. A agitação das aves entortava os galhos e balançava as árvores.  Voavam centenas de Maritacas e parecia uma invasão ao cruzarem o céu. Sempre barulhentas. Não se podiam entender nada de nada.
Enfim, quando os ânimos foram acalmados, os juízes deram a decisão. Premiou o melhor casal Maritaca da festa. Ouve um alvoroço total. E lá foi o bando voar em volta da grande árvore, cruzar o céu em giros rasantes. Elas gritavam:
- Crá. Crá crá crá... Viva o Casal de Pena Fina!!!
Como toda festa requinta tem abundância de frutos. O melhor Buffet da floresta liberou os petiscos: mamão, amoras, sementes, etc. A festa varou a noite toda naquela pomposa mata do Vale do Paraíba. E o casal vencedor, o mais romântico do ano, lançou a moda estilista floresta Maritaca:
 Pena Fina models!!! Você na moda florestal!

Marcelo Fernandes    Contos do Vale do Paraíba
Literatura infantil – abril 2016
marcelofsdb@yahoo.com.br

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