domingo, 24 de abril de 2016

O tatu Cadu e o Tamanduá



O tatu Cadu e o Tamanduá

Nas noites de lua cheia, o céu fica bem claro. Dizem que a noite parece dia. Alguns animais de vida noturna gostam de buscar alimentos saborosos nesta ocasião, porque fica mais fácil achá-las. Mas, em noite de lua cheia sempre existem os perigos, seus contratempos. Surge o medo do bicho felino, o rei da mata, a onça.
Na floresta morava o tatu Cadu. Ele sempre vivia cavando buraco, logo fazia sua casa dentro da terra. Sempre a noite ele saia para procurar alimento. Uma folhinha aqui, uma frutinha ali. Neste momento ele encontrou o Tamanduá lambendo a terra. Achou estranho um animal esfregar aquela pequena boca num buraco.
Então resolveu perguntar: - Olá! Porque você está encostando sua boca na terra?
- Ouulá. Booa noite! Estou me alimentando! – respondeu o bicho com uma boca bem pequena.
- o que você está comendo? – continuou o tatu curioso.
- Oras! Formigas! – respondeu o Tamanduá fuçando o formigueiro.
- Nossa... Como você as alcança? Parece tão escondida? – retrucou o tatu.
- Tenho uma língua comprida, e minha saliva é um cola que ajuda pegá-las. – disse o animal continuando sua refeição.
- Éééé... Cada um tem seu jeito de comer. – suspirou o Cadu. Depois continuou: - Você ficou sabendo que tem uma moradora nova na nossa região?
- Não. Quem? – respondeu o bicho se deliciando com as formigas.
- Dizem que ela é feroz, rápida, e camuflada. – argumentou o tatu.
- Não fiquei sabendo. – e continuou comendo.
- Mas eu não tenho medo. Eu a enfrento. Dizem que ela ataca os animais, é uma felina carnívora. Você tem medo de encontrar ela pela noite? – cutucou-o com sua pata.
-Não sei. Se eu encontrar decido o que fazer. – novamente soltou sua língua capturando novas formigas.
- Mas você precisa se preocupar. Ela anda matando vários animais, grandes e pequenos. Precisa se proteger. Se eu a ver, vou me enrolar como uma bola e conseguirei fugir, porque minha couraça é dura. E você? Como vai fugiu dela? – perguntou novamente o tatu.
- Não sei. Talvez lhe dê uma rabada. – respondeu-o agarrando mais bichinhos no buraco.
E contando mil histórias, querendo mostrar-se inteligente. O tatu Cadu enchia o peito para falar de como escaparia da felina.  Mas o tamanduá não queria responder, só queria fazer sua refeição com sossego. Então ele pensou consigo como escaparia desta: - vamos ver se ele é tudo que fala. Vou dar um susto nele.

- O seu Tatu? Disfarçadamente dá uma olhada para sua direita. Mas sem virar o corpo. – disse o tamanduá.
- Por quê? O que tem do meu lado? Desembucha! – perguntou todo ansioso o tatu.
- Nããão poosso falar. Apenas disfarça e olha! – respondeu bem baixinho.
Todo trêmulo, disfarçando o medo que tomou seu coração. Olhou com rapidez e não viu nada. Mas não quis olhar de novo. Pois desconfiou que fosse uma onça. E logo perguntou:
- Saiu?! O que tinha?
- Não. Está um brilho estranho. É melhor ficarmos parados. – disse isso para continuar a se alimentar das saborosas formigas.
- Parado? E se for uma onça? – retrucou o tatu.
-Ué. Você não disse que escaparia da felina? Vai, olha de novo! – instigou o Tamanduá.
O tatu Cadu já estava sem controle de suas patas. Estava já tremendo de medo, mas não quis assumir diante do animal. Então, devagar mexeu uma pata, depois a outra, começou a cavar um buraco e plufs! Desapareceu o tatu na terra.
Por fim, o tamanduá, pode terminar sua refeição, comer seus bichinhos todo tranqüilo, horas e horas. Ele usou os vaga-lumes que rondava o lugar para dizer que era a famosa onça. Num suspiro ele disse:
- Depois dizem que eu que sou linguarudo!

Cadu é um tamanduá amigo,
Gosta de brincar, mais é tímido.
Ele é um bicho muito esquisito,
Come formigas e cupim abanando rabito!

Cadu é um animal histórico,
Tem um nariz muito comprido.
Ele anda na mata todo solitário,
Difícil ver ele sem fuçar um buraco!

Cadu sempre está com o tatu,
Amigo e companheiro do mato.
Tatu gosta de falar tanto,
Que deixa o amigo irritado!

Cadu precisa ser preservado,
Tatu também precisa ser cuidado.
Eles precisam de amigos,

Como eu e você, e nunca de assassinos!


Marcelo Fernandes      Contos do Vale do Paraíba
Literatura infantil – abril 2016    marcelofsdb@yahoo.com.br

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