A briga dos Tucanos
Algum tempo atrás, na floresta do
Vale do Paraíba, veio morar uma tucana. Ela tinha um longo bico dourado. Era
bela e muito exuberante para os padrões da região. Dois tucanos foram
recepcionar a nova hóspede encantadora.
O primeiro tucano trouxe sementes
das melhores árvores. Eram graúdos, doces e fáceis de comer. Ele foi logo se
impondo sobre a fêmea. Já contava com seus cuidados.
- Olá princesa! Trouxe alguns
aperitivos! Servido? – indagou o Tucano todo meloso.
- Olá! Obrigada. – respondeu a ave
não dando muito atenção.
- Você está gostando da região? É
uma floresta ótima de se morar! – continuou a conversa.
- É. Parece. Estou conhecendo. –
respondeu seria ao tucano.
Vendo a dificuldade de aproximar da
bela ave, e sem simpatia nenhuma. O segundo Tucano, que era extrovertido, já
chegou junto para lançar seu charme e conquistar a fêmea:
- Olá. Bonito seu bico! É nova na
região?
- Obrigada. Acabei de chegar do
litoral. – respondeu a ave.
- Nossa que legal! Conheço alguns
amigos por lá! – retrucou o tucano já animado com a conversa.
- É mesmo. Puxa, como o mundo é
pequeno! – respondeu-o dando um sorriso com seu longo bico.
O primeiro tucano já não gostou da
situação. Bateu aquele ciúme. E dando um empurrão ao companheiro partiu para
cima da bela hóspede: - Como estava lhe falando. Aqui tem muitas árvores boas
para se fazer ninho. Quer conhecer? – perguntou a ave já acreditando na
resposta.
- Melhor não. Acabei de chegar.
Quero primeiro conhecer o lugar. Fazer amigos. – respondeu-o com um tom sério.
E o segundo tucano já se
intrometendo na conversa, propôs uma saída. Um vôo de reconhecimento das
montanhas: - Que tal você fazer um vôo? Ver o movimento e experimentar alguns
petiscos nas altas árvores?
- Estou cansada, melhor eu
descansar. – disse a Tucana de bico amarelo. Ela não estava afim deles. E
depois voou para outra árvore.
Nisto os tucanos começaram a acusar
um ao outro por não conseguir conversar com a nova hóspede:
- Viu?! Seu bico torto! Ela foi
embora por tua causa! – acusou o primeiro.
- Minha?! Foi sua culpa que não
soube falar com ela! – revidou o segundo.
- Você só atrapalha! Seu animal sem
pena! – respondeu a ave.
Não deu outra, e foram para
agressão. Era bico com bico, pena voando para todo lado. Uma baixaria sem
tamanho. As folhas das árvores balançavam como se tivesse alguém as
chacoalhando. E a tucana, só observava, pensava consigo: - Machos... tudo
igual!
Enquanto os brigões trocavam-se
farpas, outro tucano veio em vôo rasante, todo pomposo e sedutor. Ele era forte
e suas asas eram enormes. Seu bico parecia brilhoso. Seu som era de cantor
conquistador.
- Que tucano interessante! – pensou
a ave já o observando.
O tucano fez algumas curvas no céu,
mexeu seus bicos, estava já convidando para uma dança pelo ar. Ela levantou
suas asas e foi atrás do novo tucano. Os dois sumiram pelo céu da mata.
Não deu nem tempo dos tucanos raivosos
terminarem a briga, e perderam a tucana. E começaram então a sessão murmuração:
- Ela era metida mesmo! – disse um em tom de descaso.
- Sim, só porque o Tucano deu uns
rasantes, ela já foi atrás dele. – argumentou o outro.
Neste instante apareceu outra fêmea.
E lá foram os dois tucanos atrás dela. E não demoravam, já estava brigando de
novo. E assim vinha outro tucano e levava a pretendente embora. Não conseguiam
segurar uma tucana se quer.
Os sabiás, e outros passarinhos, assistiam
de camarote aquelas brigas que não levavam a lugar nenhum. E o comentário foi
geral: - Estes tucanos de bico torto e sem pena! Não aprendem mesmo! Acho que
estão condenados a viverem solteiros!
Marcelo
Fernandes abril 2016
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