O escritor

Nas folhas, as palavras com histórias,
Nas memórias, o tempo que não tem hora!
No movimento contínuo e retilíneo,
Denunciam aquele progresso vazio!
Da política insinuante,
Dos decretos adulterantes,
Para enaltecer os autores...
Que no fundo são escritores amadores!

Revistas e fachadas,
Propagandas inadequadas,
De mulheres peladas!

Grita a fome de verdade,
Que revela à alma trêmula
As vozes incessantes da cidade.

Clama o interior do profeta,
A dor de um poeta,
Da alma que franze a testa!

INDIVIDUALISTA!
Escreve para si,
As angústias da mulher que vai pari,
Suor de sangue suga
Chupam trabalhos ingênuos,
Os pagamentos imensos...
Que vem sem sofrimentos!

Oh palavras esquecidas,
Que não conseguem desvendar as intrigas,
Numa história que é puras mentiras,

Oh palavras esquecidas,
Escritas para bibliotecas vazias,
Da falta de cultura e políticas!

Oh povo ignorante!
Nascido já consumidor incessante!
Da imagem moderna e errante!

Estética e valor,
O que vale é amor.
O calor das trocas do dia,
Sem compromisso com a vida,
Porque o que vale,
É a novela das oito,
No sofá esperando ser GORDO!

E o jornal? Não vai parar?
De denunciar tragédias no meu lar!
E quem vai informar?
Quem vai aprender?
A ensinar a SER?
Os romances das esquinas,
Ou as pesquisas das “VIZINHAS”?!

Pare de escrever ao burguês!
Deixe de ser francês!
Escreva ao pobre freguês!
Não condene o camponês!
Sem dinheiro e nem vez!
Nos jogos de xadrez!
Neste mundo sem leis!

Oh literatura popular!
Quero ouvir sua voz contar,
Seu poeta estourar!

Oh literatura brasileira!
De mestres formados na língua estrangeira.
Escreveu nossa história de bebedeiras!

Oh literatura culta!
De palavras que são multas,
Para o mundo das “pulgas”!

Mestre da escrita, o escritor,
Escreva ao seu eleitor,
Sua vida e valor,
Àquele que vai ser seu consultor,
Dos escritos do tempo e do amor,
Transcrevendo assim, o verdadeiro: o autor,
Com óbvias palavras ao nosso ORADOR!

Marcelo Fernandes dos Santos